Thursday, October 13, 2005

Necrópolis

Chão batido em mortalha.
De concreto e de asfalto.
Necrópolis.
Nenhum ciclone sopra aqui.
Necrópolis, cidade ossário!
Fervilhante de mortos vivos,
Mortos vestidos, envergando gravatas que balaçam,
Esvoaçando com o vento brando.
Necrópolis.
Nenhuma Tempestade.
Apenas garoa fina...
Que molha asfalto e telefones públicos.
Necrópolis cidade ossário!
Cheia de rostos inexpressivos.
Ninguém grita.
Apenas sussurram, em telefones celulares minúsculos.
Cadáveres atarefados transitam pelas vias públicas,
Engolidos pelo concreto dos arranha-céus.
Tudo está tão calmo.
Na televisão rostos plástificados,
Que convidam para a grande feira moderna.
"Nós que aqui estamos, por vós esperamos"
Não há ciclones, tempestades ou gritos.
Apenas o sossego da sepultura onipresente.
Ah! Essa cidade túmulo,
Cemitério onde repousa no piche o último sabiá laranjeira.
O mesmo asfalto que cobre o sabiá, gastou meus sapatos.
Não posso mais viver aqui entre os mortos.
Preciso ir para um lugar onde eu possa andar descalço.
Um lugar onde eu possa ser ciclone, e tempestade, e grito!

11 comments:

Mike said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Anonymous said...

Há quem limpe por fora do copo, e deixe sujo por dentro.
Há quem coe um mosquito e engula um camelo.
São aqueles que esconderam a chave do conhecimento.
Busquemos,
busquemos primeiro,
e os mortos que se enterrem.

Anonymous said...

They've got so much things so say right now...
they've got so very many things to say right now...
but let them keep talking,
let them keep talking.
'cause none of them are walking,
none of them are walking, no.
and as they'll keep talking,
you see, I'll be walking.
I'll keep on walking.

(no, it's not albout the whisky...
lyric by Lauryn Hill, it's in the Unplugged)

Regina Sato said...

quem seria o dono desse blog?

Anonymous said...

esse show mesmo. vamos combinar!

Anonymous said...

"Preciso ir para um lugar onde eu possa andar descalço.
Um lugar onde eu possa ser ciclone, e tempestade, e grito!"

Comentário da 1 frase: depois eu quem sou a hippie...
Comentário da 2 frase: também quero ser estas coisas. algo que pertube, que movimente, que incomode, que faça a diferença. Isto deve ser querer responder as nossas sensações: quem sofre o encomodo, quer encomodar... Estamos sempre ai querendo fazer a diferença, não faze-la é reduzir-se a mediocridade... se queremos fazer a diferença é porque poucos fazem. Uma pergunta de um filme que vc não assistiu e precisa assistir, chamado waking life: O sentimento mais universal é o medo ou a preguiça?
Mas, além de querer ser estas coisas, quero também sentí-las, presenciá-las, pq só isso me faz acreditar estar "viva".

Viny Rodrigues said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Viny Rodrigues said...

É minha cara Tânia....descobri que qualquer tipo de experimentalismo dentro do vida é coisa de hippie, a vida só é possível será vivida, quando nós negarmos o que já existe. e começarmos a experimentar novas formas de ser ciclone, tempestade e grito!!

Bjus
Dono da sujeira!!!

Anonymous said...

Necrópolis. Quem nunca a visitou? Quem nunca passou por lá?
Mas ainda assim, eu me sinto bastante criança ainda, por não ter uma opinião concreta a respeito e ter o receio de colocar algo nada a ver. Pq uma coisa que eu definitivamente luto para não ser é aquelas pessoas que acham que entendem a arte, mas não sabem porra nenhuma. Por isso, por enquanto eu ouço bastante, para depois poder opiniar e analizar melhor a respeito.
De qualquer maneira, tá muito loco o blog, viny.
Falowss

Anonymous said...

UM POUCO DE SCI-FI
Transformaram nossas mulheres em putas. Ou será que foram as putas que se tornaram nossas mulheres? Seria a culpa da água oxigenada? da cândida? Talvez seja culpa da água oxigenada contida na nossa cândida, que derrete a coloração de nossas privadas, não nos permitindo conhecer o amarelo mais amarelo - da urina. E se não conhecemos o sol, o que dizer das outras cores todas? O Brasil foi construído, todas as evidências dizem isso, para ser um paraíso tropical. Mas estruparam nossa mãe-mais-virgem-mata e agora há tremores de terra na ZN e neve no Sul. Como não temos assuntos políticos externos graves, não temos furacão nem tsunamis para preocupar-nos, ocupamos nosso tempo blasfemando e sabotando uns aos outros, nós mesmos através de nossos iguais, pelos comentários maldosos nos pontos de ônibus e caronas ao estado estático.

Anonymous said...

è....
A necrópolis é um caos, e a única que eu tenho certeza, é de que eu também "Preciso ir para um lugar onde eu possa andar descalço."