Monday, November 27, 2006

Entrevista com a banda Deriva, Desvio ou Deturpação.


*Conte como a banda tem se sustentado com as próprias pernas. Fora da banda, cada um tem seu emprego?
R: A banda não sobrevive como banda, cada um tem sua própria"fonte de renda", trabalhando em outras coisas. A banda na verdade basicamente só consome dinheiro. Só tivemos 2 shows até agora que realmente fizeram entrar uma grana que foi utilizada pra gravação e produção da primeira fita, que nós distribuímos gratuitamente.

*Qual a principal dificuldade em ser uma banda independente?
R: A principal dificuldade é levar os instrumentos.

*O fato de estarem em sites de divulgação e relacionamentos(orkut, myspace, purevolume) tem ajudado a divulgar o trabalho da banda? Qual tem sido a reação do público, houve um aumento significativo de fãs?
R: A banda só tem o myspace que realmente foi responsável por várias pessoas conhecerem a banda e alguns contatos já aconteceram. De maneira geral achamos mais interessante a divulgação por sitepróprio de cada banda. Infelizmente o myspace acaba sendo umaforma menos pior de fazer a divulgação da banda, mas as relações do site com a Fox e o contrato sobre o direito das músicas, por exemplo, deixa a coisa toda meio estranha.

*O que vocês acham do papel que esses sites têm desenvolvido?
R: A mesma lógica coorporativa com uma imagem de facilidade e por isso todo mundo fica dependente desses grandes sites (orkut,myspace, tramavirtual, etc...). É ruim no sentido dos contratos que vc é obrigado a aceitar para fazer parte do site, mas acaba sendo atrativo pela resposta que a presença da banda no site acaba por gerar.

*Como vocês vêem a cena musical atual no Brasil?
R: "Cena" musical na verdade é algo que não existe. O que existe são relações primeiramente de amizade que se constróem por bandas que tocam junto, e que passam a marcar coisas junto por causa disso criando um espaço. Não tem nada obrigatoriamente relativa a estilo e sim a afinidades. Isso acaba por se centralizar em torno de um ou mais locais de show. Acho que cada um deve sempre tentar abrir mais espaço.

*E com relação à cena independente, tanto aqui como lá fora?
R: Lá fora não temos como falar, além dos exemplos claros de pessoas que fazem as coisas de maneira independente como a Dischord, The Ex, etc. Mas localmente está cada vez pior. Até alguns anos atrás acho que existia realmente um pensamento independente maisgeneralizado, mas cada vez mais as bandas sentem uma necessidade de se "profissionalizar" o que na verdade significa "agir como major". O que vc vê em vários selos que se dizem independentes é mentalidade de major agindo em menor escala (além é claro dapanelice). O que resta são as iniciativas das próprias bandas que resolvem não se enquadrar nesse sistema. Existe também umamentalidade que banda é mendigo: o que oferecerem em relação agravação e lançamento todo mundo vai aceitar. Algumas bandas dizem não.

*Vocês acreditam que há espaço pra todos?
R: Depende do que cada um define como espaço. Pra gente é apossibilidade de tocar e gravar as coisas, portanto a resposta é sim. Pra alguns é ficarmilionário. É relativo.

*Como vocês vêem os artistas que eram independentes e hoje estão entrando na mídia?
R: Não temos nada a ver com as escolhas dos outros.

*Qual opinião de vocês sobre as principais gravadoras e sobre os selos independentes?
R: As grandes gravadoras são o exemplo claro de como vc pode ser idiota. Sobre os selos independentes acho que ja falamos bastante na outra pergunta.

*Vocês assinariam contrato com uma gravadora que quisesse alterar e influenciar no som de vocês? E se fosse oferecido muito dinheiro?
R: Isso não acontecerá. Tem muitas outras pessoas mais dispostas,talentosas e bonitas do que nós para isso acontecer.

*Vimos através das ultimas décadas bandas que se ergueram e usaram suas músicas como forma de protesto, tanto aqui no Brasil como lá fora, esta é a proposta da banda? vocês acreditam que a música usada dessa forma pode ajudar a reverter nossa situação atual aqui no Brasil?
R: Cara... nós somos uma banda. O que uma banda quer é tocar. Transformação social é tarefa do proletariado.Isto não quer dizer que nós não nos preocupamos, mas esse não é o nosso objetivo. É difícil tentar comparar o que se fazmusicalmente hoje, com o que se fazia na década de 70 por exemplo. Na década de 70, ou o artista era revolucionário e contestador, ou era um idiota! Havia toda uma atmosféra para se ser contestador. Hoje não, nesse mundo "pós-moderno" hipercomplexo, uma bandapseudo-revolucionária-contestadora, assina contrato com a SonyMusic e faz merchandising na TV. Nós preferimos apenas ser uma banda de rock!

*Fale um pouco sobre a independência do estilo, o que vocês têm visto e achado legal, defenda seus princípios e ideais e comente a historia da banda.
R: O que temos visto e achado legal: Kaki King, outdoor da Marie,documentário do The Ex, Afro Ninja, Labirinto, Ordinaria Hit, Dirt Montana, La Revancha, Rattu Morto, B.U.S.H., M.ine, Rise from your Grave, Maqno, The Droog Organization Project, BuSScops, Cabeça de Gato, FLAMA, L'enfer, Vague, As Mercedes, Life Tropical Garden, O Cúmplice, Entorse, entre outras coisas.
Defenda seus princípios e ideais: os integrantes da banda não concordam em muitas coisas.
História da banda: Em meados de 2004 resolvemos tocar (sem Vinícius). Começamos com um cover de Fugazi, depois fizemos umas músicas. Então o Vinícius entrou e fizemos mais um monte de músicas. Começaram a rolar uns shows, gravamos uma demo e agora estamos planejando gravar um disco.