Monday, May 15, 2006

(Como estou sem tempo para elaborar novos textos, resolvi postar parte de um trabalho de sociologia que eu fiz. A discussão desse texto, gira em torno da obra de Emilé Durkheim.)

Problematizar o conceito "comunidade" no mundo contemporâneo.

Cada vez mais vemos a palavra comunidade sendo usada erroneamente para definir um grupo de pessoas agrupadas em uma relação de solidariedade negativa, ou seja, prevalece a ligação das pessoas as coisas, e o principal objetivo é conquistar um objeto externo seja ele concreto ou abstrato. No mundo atual, a busca por essa unidade se faz presente, frente a insegurança, incerteza e a falta de perspectiva gerada pelo sistema de produção capitalista e a velocidade com que as informações se movimentam. A palavra comunidade, que antes era usada para designar um grupo de pesoas que viviam em estado de "entendimento" natural, uma idéia que não foi construída, mas como diria Heidegger, "sempre esteve lá" pronta para ser usada, hoje perdeu esse significado pois esse "entendimento" é construído como uma forma de conquistar algo e questionar os valores dessa comunidade, pois com a velocidade das informações as barreiras construídas em torno dessa comunidade são rompidas, fazendo com que outras formas de organização sejam conhecidas. O ato de conhecer, contemplar e tentar controlar esse "entendimento" descaracteriza o conceito sociológico de comunidade.
A necessidade de pertencer à algum grupo, de ter uma identidade, é cada vez mais frequente em um mundo que se movimenta rapidamente (técnologia, comunicação, etc). A comunicação veloz rompe os muros dessa comunidade e faz com que os membros que pertencem a ela, se tornem seres conscientes e críticos em relaçao a mesma, descaracterizando-a. Esses membros questionando a comunidade, inventam uma nova forma de se sentirem protegidos, mas que não é mais a comunidade e sim uma identidade de grupo como disse Hobsbawn:
"Precisamente quando a comunidade entra em colapso, a identidade é inventada"
No filme "A Comunidade", podemos claramente ver que a relação dos indivíduos com essa comunidade, é uma relação construída que tem como objetivo único a conquista e divisão do dinheiro herdado por um dos membros. Eles constroem a identidade do grupo, não há um "entendimento" natural, há um objetivo de todos que é o mesmo. A solidariedade é mecânica, onde o direito repressivo reina, pois aqueles que tentam se desligar do grupo são reprimidos com a morte, os vínculos são frágeis, pois as pessoas pertencentes ao grupo não estão ligadas entre si, e sempre quando um membro do grupo se aproxima do objeto desejado (dinheiro), ele rapidamente tenta se desligar dos outros membros. O filme é um retrato das relações contemporâneas, pois as comunidade, ou melhor dizendo, os grupos sociais com uma mesma identidade, quase sempre se organizam da mesma forma que o grupo do filme, como por exemplo as associações de bairro.